Atualmente, as nossas sociedades estão no perigoso caminho da insustentabilidade. Prevê-se que a população mundial aumente de 6,9 mil milhões para mais de 9 mil milhões até 2050. A população urbana mundial vai duplicar, o que consequentemente aumenta as necessidades de consumo. Nas décadas mais recentes têm-se verificado progressos em termos de crescimento económico em muitas partes do mundo, contudo continua a existir a extrema pobreza.
Quando este crescimento ocorrer, vão impor-se mudanças substanciais em todos os países para que os 9 mil milhões de pessoas possam viver bem, respeitando os limites de um único planeta. O presente artigo analisa diferentes prognósticos das condições ambientais futuras e pretende expor várias opções que direcionam as empresas e as pessoas a uma mudança consciente. Começaremos por refletir um pouco no cenário global. O rápido e continuo aumento na utilização de energia baseada em combustíveis fosseis e uma acelerada utilização de recursos naturais continuam a afetar o s principais serviços de ecossistemas, pondo em risco o abastecimento de alimentos e de água.
Vivemos numa época de muitos desafios, sejam mudanças climáticas, perda da biodiversidade ou mesmo degradação dos solos, vários destes desafios têm vindo a ser confirmados pela ciência que alerta para problemas ainda mais reais e urgentes do que eram em 1995, na primeira Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, a COP1. Nos EUA, mais de 90% da sua poluição atmosférica é derivado da queima de combustíveis fósseis, o que resulta na excessiva emissão de óxidos de nitrogénio, dióxido de enxofre e metais pesados para a atmosfera. O consumo destes combustíveis aumentou mundialmente entre 1% a 2% ao ano desde 2000 até 2016.
Emissões cumulativas de CO2 e quatro cenários das datas de ultrapassagem (com 66% de probabilidade) de 2ºC e de 3ºC, salientando os anos de 2037 e 2069. Fonte: Global Carbon Budget 2016: Global Carbon Project (opens in a new tab)
Perante o atual cenário irreversível do aumento da temperatura mundial em mais de 2 graus, mais uma vez, as mudanças climáticas foram assunto no centro da diplomacia global, na COP23 que decorreu em Bona, Alemanha de 6 a 17 de novembro de 2017. Diplomatas e ministros reuniram-se para continuar a negociar os principais detalhes técnicos de como o Acordo de Paris, criado em 2015 funcionará a partir de 2020.
Umas das metas apresentadas na conferência passa por abolir até 2050 qualquer necessidade a combustíveis fósseis para abastecimento elétrico, rede de transportes ou produção industrial. Assim, foi lançado um evento liderado pelo Reino Unido e pelo Canadá, o “Powering Past Coal Alliance”, ao qual mais de 20 países se juntaram numa fase preliminar, onde em Setembro de 2018 o número subiu para mais de 70 países assinantes.
Consumo global de combustíveis fósseis, entre 2000 e 2016 em gigatoneladas de petróleo equivalente. Fonte: “Can the world kick its fossil-fuel addiction fast enough?”, Jeff Tollefson, Nature (opens in a new tab)
Foi acordado em Paris que deveria haver um momento único em 2018 para um balanço de como a ação climática estava progredindo. Originalmente foi chamado de “Diálogo Facilitador”, é agora o “Diálogo Talanoa” e teve inicio em Janeiro de 2018. Este é um processo com base em diálogos, e é visto como uma conversa construtiva, inclusiva e transparente para a oportunidade e para a solução. O objetivo destes diálogos pretende acelerar a implementação do Acordo de Paris, através de um plano de ações alargado a ser apresentado na COP24.
À medida que as tecnologias se tornam cada vez mais de livre distribuição e que os países emergentes contribuem cada vez mais para a inovação, estamos perante uma sociedade globalizada. É preciso ligar pessoas a pessoas, ligar os consumidores às empresas, ligar as empresas e ligar as sociedades. As tecnologias de comunicação continuam a impulsionar as pessoas à inovação e à disseminação de ideias. Estas ajudam também a aumentar o acesso aos mercados mais desfavorecidos. Há a necessidade de não camuflar a realidade climática que põe em perigo milhões de pessoas por todo o mundo.
Segundo dados do Banco Mundial, a existência de mais de 10 telemóveis por cada 100 pessoas num país desenvolvido, impulsiona o crescimento do PIB nesse país em 0,8%. É preciso que as empresas e as pessoas se adaptem e transformem para criar coligações complexas para o desenvolvimento social e económico. É preciso um determinado nível de reengenharia em termos de estrutura organizacional e cultural.
Numa análise a todos estes desafios, a Quercus propõe acabar com os subsídios aos combustíveis fósseis, apoiar as comunidades mais afetadas pelos impactos ambientais, assumir o compromisso de 100% de energia renovável, reforçar a capacidade das florestas e dos solos no combate às alterações climáticas, e ainda reforçar a atuação ao nível da qualidade do ar.
Precisamos de entender e estimular a mudança através da cooperação, estas opções ganham cada vez mais terreno no mercado.
#Bibliografia
- ”Global Carbon Budget 2016”, Global Carbon Project (opens in a new tab)
- ”Desenvolvimento Sustentável: Visão, Rumos e Contradições”, Fernando Almeida
- ”Visão 2050”, BCSD Portugal, WBCSD (opens in a new tab)
- ”Com esforço, é possível limitar aquecimento global a 1,5 graus”, Rita Marques Costa, Público (opens in a new tab)
- ”Clima: COP23 no caminho certo, mas com velocidade reduzida”, Lusa, Diário de Notícias (opens in a new tab)
- ”One Planet Summit sustenta que descarbonização de todos os modos de transporte até 20150 é possível”, Governo Portugal (opens in a new tab)