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Expectativas e ambições preliminares para 2020

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Na década de 1990, quando os cientistas falavam em aquecimento global focavam-se na temperatura anual média global e no aumento do nível do mar. O problema é que as pessoas não vivem à escala global nem sentem temperaturas médias, sentem os extremos que os atingem em casa ou num dia qualquer da semana. A compreensão do aquecimento global mudou dramaticamente desde a definição do protocolo de Quioto, que foi assinado em 1997 e expirou em 2012, do protocolo de Montreal assinado em 1987, da cimeiro do RIO (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento) em 1992 e da primeira COP, em março de 1995. Até aos dias de hoje, o mundo aqueceu cerca de 0,41 graus Celsius. Este aumento médio da temperatura global é ligeiramente inferior ao de algumas previsões feitas no inicio dos anos 90.

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Conflito, clima e crises na economia limitam o acesso aos alimentos. Foto: Giulio Napolitano, FAO. Fonte: “COP24: a Grande Muralha Verde que deve atravessar a África BR”, ONU News (opens in a new tab)

Os trabalhos da reunião mundial sobre o clima, a COP24, começaram dia 2 dezembro e acabaram sábado, dia 15 em Katowice, na Polónia, para debater compromissos específicos de combate às alterações climáticas, e o papel das tecnologias e dos cidadãos. A conferência juntou na primeira semana os representantes das partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC), e na sua parte final, entre 11 a 15, juntou líderes e ministros de 195 países integrantes da convenção para as reuniões de alto nível. Esta conferência visa alertar sobre os perigos relacionados com o aquecimento global e fazer um balanço da implementação das medidas saídas da COP21, em Paris, em 2015. Durante o evento foram divulgados vários estudos que apontam os riscos do aquecimento global para o meio ambiente, para a saúde humana e o desenvolvimento da economia, principalmente em regiões mais pobres com populações vulneráveis.

Um relatório com mais de 700 páginas, apresentado dia 6 de dezembro, redigido pela IPCC (Painel para as Alterações Climáticas) indica que as emissões de gases com efeito de estufa nos países desenvolvidos diminuíram 13% entre 1990 e 2016, apesar do crescimento da população e da economia mundial. Os dados do relatório indicam também que só entre 2010 e 2016 as emissões dos países mais desenvolvidos diminuíram em 4,4%. “Os objetivos de redução das emissões para 2020 são vistos cada vez mais como um ponto de partida”, pelo que “é necessário intensificar o esforço, as políticas e as ações nessa direção”, diz-se no documento. O estudo indica que este ano o mundo poderá lançar 40,9 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono, acima dos 39,8 mil milhões do ano passado. Um dos levantamentos divulgados aponta que até o fim deste ano as emissões de carbono podem crescer até 3%, projeção considerada recorde nos últimos anos.

António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) no início da conferência apelou para que os países reduzissem as suas emissões, de 2010 a 2030, em 45% e estabeleceu o objetivo de existir uma rede de emissões zero, em 2050. Sem medidas drásticas, o planeta está a dirigir-se para um futuro em que as temperaturas vão subir dois a três graus Celsius até ao ano 2100. Guterres voltou a rematar que “as alterações climáticas avançam mais rápido do que nós”, dando um prazo de 2 anos aos líderes políticos para enfrentar estas mesmas alterações. No dia 4 de dezembro, foi apresentado pelo Governo de Portugal o Roteiro para a Neutralidade Carbónica que concretiza mais algumas medidas para a meta anunciada pelo primeiro-ministro português, António Costa, para chegar a 2050 em neutralidade carbónica. Este roteiro prevê a necessidade de se reduzir os gases com efeito de estufa (GEE) em 85%-99%, reduzir a produção de bovinos entre 25% a 50%, reduzir a área florestal ardida anualmente. Em Portugal, 75% da energia que consumimos é importada de combustíveis fósseis, em 2030 já serão apenas 65% e em 2050 não pode ultrapassar os 17%. Ou seja, para chegar aos reais valores de neutralidade carbónica, em 2030, os 80% da eletricidade produzida e consumida tem de vir de fontes renováveis.

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Secretário-geral, António Guterres, na COP 24, na cidade da Katowice, na Polônia. Foto: UNFCCC. Fonte: “Guterres reconhece avanços da COP24 mas faz “apelo dramático” a mais ambição”, ONU News (opens in a new tab)

Torna-se urgente impedir um aumento da temperatura média da Terra superior a 1,5 graus Celsius, sendo que a descarbonização da economia e dos transportes têm um papel crucial. Reduzir drasticamente as emissões é a única forma de alcançar este objetivo. Hoje é comum ouvirmos falar de carros elétricos e de mobilidade elétrica. Toda esta visibilidade mediática, o aumento da rede pública de carregamento e dos diversos postos de carregamento, assim como os incentivos à aquisição de um veículo elétrico, o aumento exponencial das vendas e a legislação cada vez mais penalizadora para a utilização de veículos com motores de combustão indicam que vamos ter crescimentos exponenciais na penetração dos veículos elétricos e de mobilidade elétrica nas nossas cidades.

Os últimos dias da conferência ficaram caracterizados pelo breve discurso de uma adolescente ativista, Greta Thunberg, de 15 anos. A jovem sueca silenciou o auditório ao dizer “Só falam em avançar com as mesmas más ideias que nos meteram nesta alhada”, “Não são suficientemente maduros para expor a realidade. Até esse fardo deixam para nós, crianças”. Com um dia de atraso, no sábado, dia 15, o acordo de Paris foi reforçado com um conjunto de regras que transforma o acordo climático numa realidade viável. Denominado como “Livro de regras”, este consenso entre 197 países é um definição de uma estrutura mais detalhada do acordo de Paris. Como David Attenborough disse, “O tempo está a esgotar-se”, “Líderes do mundo, vocês devem liderar. A continuação da nossa civilização e do mundo natural, do qual nós dependemos, está nas vossas mãos”.

A forma como a ciência trata do aquecimento global tem mudado ao longo do tempo devido a um melhor conhecimento, melhor tecnologia, melhores observações, mais informação e ainda em grande parte porque os cientistas estão a dar mais atenção ao que afeta mais diretamente as pessoas.

#Bibliografia


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Last updated: Nov 28, 2018

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